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Projeto literário transforma em livro vivência de 'mães atípicas' de estudantes

03/04/2024 13h58 - Autor: Fernanda Cavalcante (Ascom Seduc) 435 visualizações
Foto: Projeto literário transforma em livro vivência de 'mães atípicas' de estudantes
Foto: Rai Pontes / Ascom Seduc

São consideradas mães atípicas mulheres que têm um estilo de maternidade único, que difere das expectativas socioculturais

No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado na última terça-feira (2), as mães atípicas de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências atendidos pela Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom Pedro II, no bairro do Marco, em Belém, transformaram suas vivências em livro, por meio do projeto "Estrelas Literárias", desenvolvido na escola.

Para dar início ao projeto, a comunidade escolar realizou um encontro com as mães atípicas para compartilhar histórias e definir como vai ser a produção dos livros. Por meio da iniciativa, realizada em parceria com o projeto Estante Mágica, as mães de estudantes da Escola Dom Pedro II foram as primeiras da América Latina a participar do projeto.

"O projeto é de suma importância para ajudar outras famílias atípicas. Eu também sou uma mãe atípica, e o primeiro passo é você aceitar a condição. Não é doença, é uma condição. E ter esse apoio é muito importante. No primeiro momento você pensa: 'eu sou única no mundo, só eu sofro, só meu filho é assim'. E esse trabalho vem mostrar que nós não somos únicas, nós temos um monte de gente, e essa troca de experiência é que vai nos fortalecer. Então esse trabalho vai servir de exemplo para as outras mães tomarem conhecimento e se apropriar da condição: 'eu sou mamãe atípica e tudo bem', afirmou Cristiane Caetano, professora responsável pela iniciativa e pelo espaço de leitura da escola.

Professora Cristiane Caetano - Foto: Rai Pontes / Ascom Seduc

A professora ainda explicou como o projeto vai funcionar. "As mães vão produzir os textos no ambiente da casa delas, com as experiências de vida com a chegada do filho PcD, no caso, e quinzenalmente a gente vai fazer um encontro, onde nós vamos trabalhar esses textos, a gente vai auxiliar nisso. Após, a gente vai pegar esse material e começar a alimentar a plataforma, que é a Estante Mágica, até a finalização completa do trabalho", finalizou.

Para Eliene Coelho, mãe da estudante Maria Eduarda, que tem paralisia cerebral e está no 7° ano do Ensino Fundamental, poder escrever sobre o convívio com a filha é algo bom. "Nunca na minha vida eu imaginei que iria escrever um livro e essa é uma notícia maravilhosa. Foi uma emoção ser convidada para esse projeto, eu pensei: 'nossa, eu, escritora?'. Eu fiquei bastante surpresa e ao mesmo tempo grata por poder ajudar outras pessoas também. A gente é força para os nossos filhos. A expectativa é enorme, enorme mesmo porque compartilhar essas histórias é uma responsabilidade muito grande", contou a autônoma.

A engenheira civil Shyrlena Garcia é mãe do Fernando, que tem dislexia e cursa a 1° série do Ensino Médio na escola. Ela acredita que o projeto vai ajudar no desenvolvimento do filho. "Nós somos novos aqui na escola e o projeto foi uma surpresa. Não pensei que poderia escrever um livro e isso com certeza vai ajudar muito porque o Fernando tem dislexia, então ele tem dificuldade com leitura e escrita, e o sonho dele é ser escritor, e o projeto é realmente perfeito para a gente nesse momento em que ele está aprendendo a ler", disse.

Shyrlena Garcia, mãe do Fernando - Foto: Rai Pontes / Ascom Seduc

"A escola abraçou a nossa família com carinho e o projeto veio para trazer mais uma forma de incentivar o crescimento, a leitura, a aprendizagem dele. A gente, que é mãe atípica, sempre costuma pensar mais no filho, então tem horas que você quer contar a história do filho, mas ao mesmo tempo está entrelaçado com a história da mãe, então não tem como ser só um ou outro, está tudo interligado, é uma única história. E aí vem os sentimentos, vem muita coisa, mas esse livro vai ser escrito com muito amor e carinho", completou Shyrlena.

Depois de prontos, os livros serão ilustrados, com a ajuda de estudantes da escola, e serão lançados em uma cerimônia. A previsão é de que o lançamento aconteça em novembro deste ano.

Foto: Rai Pontes / Ascom Seduc

Protagonismo dos estudantes - Em 2022, estudantes da Escola Dom Pedro II produziram livros de contos com narrativas e ilustrações próprias. A iniciativa deu tão certo, que os estudantes puderam apresentar suas obras ao público em uma exposição na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, em 2023. Através do projeto, os estudantes se tornaram protagonistas da produção literária, incentivando-os a serem grandes leitores e escritores, capazes de produzirem suas próprias narrativas e experiências de vida.


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