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Formatura

Conquistar aprovação no vestibular de Engenharia Mecânica é o sonho de Rosivaldo Gemaque, de 22 anos, um dos trinta alunos integrantes da terceira turma formada por detentos que concluíram o Ensino Médio graças a um projeto mantido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe). O curso, ministrado integralmente dentro de uma casa penal, culminou com a certificação e cerimônia de fomatura dos participantes nesta quinta-feira, 7. Com esta terceira turma, composta por oito alunos, sobe para 36 o número de detentos que conseguiram concluir o Ensino Médio no cárcere.

“Quando fui preso, aos 18 anos, e condenado a outros 28 anos de prisão, achei que nunca mais poderia estudar, pois só tinha cursado até o 2º ano do Ensino Médio. Hoje só tenho um objetivo, estudar cada vez mais e conseguir uma vaga no ensino superior para se engenheiro mecânico. Leio muito sobre essa profissão e é o que mais me motiva a estudar. Quando sair daqui, quero estar formado para poder traçar um novo rumo pra minha vida”, disse.

A cerimônia de formatura realizada nas dependências do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC) foi marcada pela emoção dos formandos, familiares e professores. O orador da turma, Luiz Lobato, pediu perdão à mãe por todo o sofrimento causado. “Quero agradecer aos meus professores, que são verdadeiros instrumentos de Deus e, principalmente, à minha mãe, que nunca desistiu de mim. A partir de agora temos de focar no futuro e não deixar que os erros do passado nos prejudiquem, pois não é só a gente que está preso que paga, mas toda a nossa família”, disse, visivelmente emocionado.

O secretário adjunto de Educação da Seduc, José Roberto Alves da Silva, destacou que o convênio com a Susijá garantiu que cerca de dois mil detentos tivessem a oportunidade de voltar a estudar durante o cumprimento da pena. “É um grande desafio esse de promover a educação no sistema prisional, mas o estado tem avançado muito. O Pará tem hoje 17% da população carcerária estudando, contra uma estatística nacional de 10%”, portanto, a formação de cada um dos alunos é uma grande vitória”, destacou.

A coordenadora do Programa Educação de Jovens e Adultos no Estado do Pará (EJA), Núlcia Azevedo, reforçou que a educação e o trabalho são os dois grandes instrumentos de reinserção social. “Queremos aumentar para 20% o número de detentos estudando ainda este ano, e também aumentar a participação deles no projeto de incentivo à leitura. Além do aprendizado, o detento garante, por cada livro lido e resenhado, a redução de quatro dias na pena”, explica. O detento que conclui o Ensino Médio garante, ainda, a redução de 1/3 da pena.

Segundo Aline Mesquita, coordenadora de Educação Prisional da Susipe, o Pará tem hoje 17 detentos cursando o Ensino Superior, dois deles em regime fechado (em Belém e Marabá), mas acredita que esse número deve aumentar. “Ainda estamos em período de matrícula no EJA e, posso garantir que este trabalho está reescrevendo um novo capítulo na história do ensino dentro das casas penais do Pará, que iniciou coma a formação da primeira turma composta só por mulheres, no ano passado. De lá para cá tivemos duas outras turmas compostas por homens. Este ano teremos o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) específico para alunos do EJA, o que aumenta as chances dos detentos que estudam nessa modalidade de entrarem para o ensino superior e reconstruírem suas vidas”, disse.

 

Kátia Aguiar
Secretaria de Estado de Educação

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