Escolas da rede estadual promovem ações pelo Dia Nacional da Consciência Negra
Em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado na última sexta-feira (20), a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), através das escolas da rede pública estadual, promoveram diversas iniciativas de maneira não presencial para enfatizar a importância da data que coincide com a morte de Zumbi dos Palmares (1695), que foi um grande líder quilombola e um dos principais símbolos da luta negra no Brasil.
Instituído em 2003 e oficializado em 10 de novembro de 2011, a data reforça a importância da reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A educação, como elemento transformador da sociedade tem, dentre suas funções sociais, ressaltar os direitos e deveres de cada cidadão.
De acordo com o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010, os autodeclarados pretos representavam 7,6% da população brasileira, percentual que correspondia a cerca de 15 milhões de pessoas. Já em 2019, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, dos 209,2 milhões de habitantes do país, 19,2 milhões se assumem como pretos.
Ações das Escolas
O ambiente escolar, como importante local de aprendizagem e socialização, cumpre o seu papel de fomentar debates e fortalecer o pertencimento da cultura afro-brasileira por todos os estudantes. Neste sentido, as ações desenvolvidas em torno desta data, são importantes para se debater questões sobre o racismo, discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura-afrobrasileira.
Em Belém, as escolas Albanízia de Oliveira Lima e Mário Chermont, localizadas nos bairros do Souza e da Cremação, respectivamente, realizaram webinários por meio da plataforma Google Meet, na última sexta-feira (20), e possibilitou a discussão de ideias e questões relacionadas ao Dia Nacional da Consciência Negra.
Na Escola Estadual Cruzeiro do Sul, no distrito de Icoaraci, em Belém, as ações foram promovidas por meio das redes sociais e via WhatsApp, envolvendo os pais e alunos da unidade de ensino, em torno da "Semana da Consciência Negra", oportunidade em que foram disponibilizados por estas plataformas vídeos e textos produzidos pelos professores, com o intuito de combater o racismo e pelo fim da desigualdade racial.
A mãe de uma aluna do 4º ano do ensino fundamental da escola Cruzeiro do Sul, avalia que “a atividade muito interessante, pois nos lembra da importância dos povos e das culturas africanas, na construção social e cultural brasileira, bem como a necessidade de abordar temas como o preconceito e a diversidade étnico-racial, inclusive na escola. Devemos ter consciência que somos todos iguais não só hoje, mas todos os dias”, ressaltou Bianca Monteiro.
Já a 19º Unidade Regional de Ensino (URE), situada em Tucuruí, no sudeste paraense, vai promover aos alunos vinculados à esta regional de ensino um webinar. O evento vai ocorrer nos dias 21, 28 de novembro e no dia 05 de dezembro.
Com o tema: “Cultura africana e afro-brasileira em foco”, o seminário tem como objetivo instigar nos estudantes o pensamento crítico sobre a relação racial da sociedade em que estão inseridos. Ministrados por meio de lives no Google Meet, as palestras abordaram temáticas, como:
Aplicação da lei nº 10.639/03: experiências e vivências nas escolas estaduais do Pará.
Racismo estrutural: políticas públicas para a juventude negra no Brasil.
Sistemas de contas e reparação histórica.
Raça e Etnia
É importante frisar que há uma diferença entre os conceitos de raça e etnia. Raça é uma construção social utilizada para distinguir pessoas em termos de uma ou mais marcas físicas, dentre elas a cor, que são socialmente significativas. Um grupo étnico, por outro lado, corresponde a uma categoria de pessoas cujas marcas culturais percebidas são consideradas socialmente significativas.
Os grupos étnicos diferem entre si em termos de língua, religião, costumes, valores, ancestralidade entre outras marcas culturais. O Brasil, pode ser apontado como um exemplo de que o conceito de raça é uma construção social, e que o entendimento de raça pode variar em diferentes sociedades.
Por fim, fomentar o debate sobre a importância de se quebrar as barreiras do preconceito racial, da desigualdade e do desrespeito, assim como no passado os negros deste país quebraram as correntes que lhes mantiam presos, sem direitos e, principalmente, sem a possibilidade de expressar seus anseios, desejos e opiniões, se faz necessário. O passado não pode ser esquecido, no entanto, essas velhas atitudes precisam ficar apenas na história, para que esse tipo de atitude não seja perpetuado até os dias atuais.
