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Etnia Warao leva artesanato para a Feira do Livro

30/08/2019 16h20 - Autor: 377 visualizações

A 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes foi especial para os indígenas da etnia Warao assistidos pelo projeto Saberes da Ceja. Inédita no Brasil, a iniciativa de alfabetizar os indígenas venezuelanos refugiados no Brasil é da Seduc e na manhã de hoje (30) eles tiveram a oportunidade de conversar com os visitantes da feira e divulgar o artesanto que produzem em Belém, típico da cultura warao.


Desde 2018, a Seduc destina uma sala na Escola Estadual Cordeiro de Farias para a educação de 130 alunos matriculados, mas a turma sempre é maior por causa da presença da família na escola. O projeto é uma extensão da Coordenação de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) da Seduc, sendo Belém a primeira capital brasileira a oportunizar uma escola indígena em um ambiente urbano. A primeira certificação de conclusão do curso aconteceu em abril deste ano.


A professora do projeto, Núlcia Azevedo, destaca que o projeto tem uma perspectiva multilíngue, ou seja, as aulas são ministradas nas línguas portuguesa, espanhola e warao para permitir a interação. “A prioridade deles é aprender a língua portuguesa, mas sem esquecer o idioma e a cultura de origem”, explica.

A nova modalidade de ensino já foi reconhecida pelo Unicef e pela Agência Internacional de Povos em Situação de Refúgio, além de estar servindo de modelo para outros estados.


O coordenador do projeto pedagógico Marcos da Costa Lima lembra que levar os indígenas para a Feira do Livro permite a interação entre a cultura deles e a nossa. “A exposição serve para estender o que eles aprendem na escola, são materiais confeccionados por eles que podem ser expostos e comercializados, potencializando esse trabalho como opção de renda”, destaca.


A maioria dos warao vive em abrigos e ainda não conseguiu emprego em Belém. No estande da Seduc eles levaram produtos de sua cultura, como chapéus, bolsas, cestas e acessórios decorativos que chamaram a atenção do público. “Sempre vejo eles pelas ruas, mas não tinha ideia que confeccionavam coisas tão bonitas”, comentou a psicóloga Ana Tavares. Pedrinho é warao e vive em Belém com a família há quase dois anos. É um dos indígenas assistidos pelo projeto Saberes do Ceja e já entende bem o idioma local. Assim como ele, os demais desejam aprender a língua portuguesa na esperança de ter uma comunicação melhor para entrar no mercado de trabalho. “A escola tem sido uma grande aprendizagem porque aprendemos o português, mas também exercitamos o warao. Ter essa mistura de cultura de forma respeitosa nos faz querer aprender mais e mais e nos dar uma chance de trabalhar”, afirma.

 


Por Leidemar Oliveira

Fotos: Rai Pontes

Ascom/Seduc


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